Desde pequena me ensinaram a procurar um tal príncipe encantado, que chegaria num cavalo branco e todas aquelas outras coisas que fazem qualquer menina acreditar na infância. São sempre as mesmas histórias de pobres e indefesas princesas, presas em imponentes castelos ou fadadas ao sono eterno. É tudo tão chato quando se cresce. Não há príncipes, princesas ou castelos. E então inventaram para mim uma porção de outras novas verdades sobre o amor e a felicidade. Outras tantas mentiras que, repetidas à exaustão, me fizeram acreditar que devia passar boa parte da minha adolescência procurando o garoto ideal, aquele que fosse simpático, solícito e carinhoso. Fiquei projetando esse modelo utópico em todos os meninos que me pareciam minimamente bonitos, porque – como os príncipes – o garoto ideal deveria ser bonito. Aos poucos fui descobrindo que não há garotos perfeitos (como também eu não sou perfeita). E me inventaram mais uma daquelas mentiras que de tão bem contadas parecem reais: precisava achar o homem que me completaria. Parti, frágil e desvairada de amor, atrás do homem com “h” maiúsculo. Procurei, procurei, procurei... e nada, porque sempre faltava uma parte para que eu me sentisse completa. A verdade é que ninguém fabrica a última peça do nosso quebra-cabeça, e que jamais seremos inteiras, completas. Tive de crescer muito para estabelecer para mim uma nova e última verdade: não quero alguém que me complete, quero alguém que me confirme, que reafirme que eu sou.
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