Ela abaixou os olhos para a noite triste e permitiu que ele a aquecesse. Tal como as nuvens, seus olhos choviam tormento e seu coração pulava, descompassado, em desespero. Ela doía, inteira. Ele nada mais fez do que abraçá-la forte e firmemente e a embalou, horas a dentro, até que estivesse calma. Por fim, quando a chuva já não passava de garoa e o coração não mais gritava, ele se permitiu quebrar o silêncio.
— Não chores não, bonita. Nem se lamentes ou peça desculpas por me ter aqui. Sabes que venho de bom grado e bem sabes, também, que toda a tua angústia se faz minha, involuntariamente. Vês, moça? Quando teus olhos choram tuas mágoas o mundo te faz companhia, chorando em sintonia. Não é você que fica triste porque o céu é cinza, bonita. O céu fica cinza porque você está triste...
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